Vivia em constante trabalho. Minha vida era trabalhar intensamente. Não havia tempo para pensar em outra coisa, a não ser em trabalhar. Era assim minha vida quando cheguei aqui na capital, enquanto que minha família ficou na fazenda guatiaia-Peruíbe/SP. Com o meu trabalho, eu comprei pela primeira vez no crediário. Comprei um radinho de pilha e um relógio de pulso. Os dois eram necessários. O rádio, servia para ouvir meu programa favorito "Que saudade de você" do Eli Correia que ia no ar justamente na hora do meu horário de almoço, quando trabalhava no 'Pão-de-Açúcar', e o relógio eu controlava as horas no meu percurso do serviço para a escola e depois para casa. Bem, eu cheguei certa vez em casa. Morava com uma moça que conheci. Dividíamos as despesas, ela era casada. Ao entrar em casa; como este dia não iria para escola, sem pressa portanto, coloquei a minha bolsa sobre a cama. Peguei minhas roupas no armário e fui para o banheiro tomar banho e ao mesmo tempo me trocar. Não passou nem cinco minutos, ouvi barulhos estranhos dentro de casa. A Lurdes, a moça dona da casa e seu marido, estavam meio que discutindo. Era estranho, eles nunca brigavam. A discussão estava ficando cada vez mais acalorada . Foi ai que veio alguém e bateu na porta do banheiro. Era uma voz de homem desconhecida. Mandou eu sair com voz autoritária. Não, não era a voz do Carlão, marido da Lurdes. Bem, passei a ficar com medo da situação. Peguei rapidamente minha toalha. Deus do céu, era a única roupa que estava ao meu alcance neste momento, pois havia deixado a roupa que iria usar sobre a cama. Sai do banheiro, e corri para debaixo dos cobertores da cama que estava bem ao lado da porta do banheiro. Foi ai que apareceu um homem. Jovem e negro, cerca de uns vinte anos mais ou menos. Estava com os olhos em chama; e ficou ao meu lado sobre a cama. Não falava nada com nada, sei apenas que exigia que eu não fosse para fora, e me alertou que estava armado e com outro comparsa na porta da saída. Disse também que estava a procura de uma arma. Bem, não era mais surpresa, minha nossa, estávamos sendo assaltados. E o carinha não voltou mais no quarto, para meu mais completo alívio. E nem precisava mais. Foi ai que percebi. O desgraçado já tinha limpado a minha bolsa. Para minha completa desolação, era dia de pagamento. Meu salário, assim como meu relógio que ainda estava pagando as prestações; mais o radinho, tinham virado fumaça. Fiquei até sem dinheiro para ir trabalhar no outro dia. A Lurdes me emprestou dinheiro .
Não passou nem uma semana, o Carlão, marido da Lurdes, veio com uma estranha conversa: " Sabe menina, aqueles dois caras já eram. Eles estão mortos.
Segundo fiquei sabendo depois, Carlão e um amigo, haviam trucidado os caras.
Eu havia percebido no ar, após a saída dos cara da nossa casa, " estes caras não vão viver por muito tempo. Pois eles assaltaram um dos mais violentos assaltantes da época, Carlão do Penteado. Carlão foi pego desprevenido, e sem a arma. Caso contrário, a coisa poderia ter sido resolvida ali mesmo.
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